More Than Words – PARTE VII (Final)

Marta e Eduardo desenvolveram um grande vínculo sem palavras.

Davam-se bem, faziam coisas juntos, caminhavam juntos, mesmo agora que Marta já não tinha insônia. Andavam à tarde, de manhã cedo ou cedo da noite, só para conversar. Conversavam às vezes por horas a fio. Então não economizavam palavras, mas faziam um bom uso delas.

Aprendiam um com o outro. Às vezes passavam algum tempo sem se ver, mas continuavam muito próximos só por saber que era só bater na janela da frente. Às vezes ficavam em silêncio. Diziam quando não estavam a fim de falar, ou simplesmente calavam, sem mentir, sem ofender. Contavam sempre um com o outro.

 Um dia Eduardo ficou longo tempo debruçado na janela olhando o cacho de Marta, que, de costas, nem sabia que ele estava ali. Quando virou e o viu, sentou-se olhando para ele e ele começou: 

Sabe Marta, nunca me apeguei aos lugares e sim às coisas que posso levar comigo. Minha prancheta, meus lápis, minha almofada… Tenho grande carinho por estas coisas e cuido muito bem delas porque são preciosas para mim. Casa comigo!? 

 Marta olhou espantada. E meio que ironizando, mas com o coração batendo a mil, perguntou: 

E por que eu deveria? 

Porque eu gosto do seu cabelo e quero levá-lo comigo quando eu for embora. 

 Pela primeira vez Eduardo olhou-a com um amor intenso. As palavras nunca se mostraram tão desnecessárias quanto naquele momento. Foi tão simples, tão direto e tão óbvio o pedido dele! E assim o era o sentimento dela por ele e dele por ela, de modo que não é preciso escrever a resposta de Marta. Para que mais palavras se até nós podemos sentir o que eles sentiam e se já sabemos sobre eles o suficiente para ter certeza do… 

– Sim!

***

Fim

R.P.B.Q.

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…Hold me close don’t ever let me go…

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